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Caio Misticamente... Sensível ao que me rodeia, intuitiva e atenta. Confio demasiado nas minhas intuições e nos meus instintos, sigo o meu coração em detrimento da razão. Tenho uma personalidade inconstante e sou bastante temperamental. Mudo de humor facilmente, tanto sou fria e distante, como posso ser quente e aconchegante. Mas serena ou brava, fria ou quente, sou o espelho da minha alma e alma da minha gente. Concha selada, independente, choro sozinha e ri-o com gente. Mas sou feliz...

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

A Arte da Solidão

Alguém disse que “escrever é uma prova de solidão, se a pessoa não estiver só não tem necessidade de escrever, escreve para se completar”.

É perdoável ao poeta sentir-se só, não é perdoável ao comum dos seres sentir-se só. A solidão não é uma opção, é para muitos um estado permanente, um modo de vida.
Escrever é o mecanismo de defesa. Escrevo para me completar, pois sem a minha escrita eu não me sinto viva, sinto-me só. Estou numa sala apinhada de gente e ainda assim me sinto só, é doloroso. Eu estou sozinha em frente de um simples pedaço de papel e de uma caneta, e ouço um mundo de vozes à minha volta. São a minha companhia nos meus momentos de solidão, as únicas pessoas com quem posso contar e é com elas que eu desabafo o que me vai na alma. Se eu não escrever, se não passar para um simples pedaço de papel todos os pensamentos que habitam a minha mente, eu elouqueço.  Estas pessoas que eu crio são o meu reflexo, o que eu sou e o que eu aspiro ser um dia.
 Fernando Pessoa - um génio, considerado por alguns um louco - tinha vários heterónimos, várias vidas, pessoas que sentiam, que sofriam, que eram formadas ou não, que tinham um emprego ou não, que eram viajadas ou não e que até tinham horóscopo, só faltou mesmo o número de segurança social. Estas pessoas derivaram da "loucura", da personalidade brilhante deste homem.

Fito-me frente a frente
E conheço quem sou.
Estou louco, é evidente,
Mas que louco é que estou?

É por ser mais poeta
Que gente que sou louco?
Ou é por ter completa
A noção de ser pouco?

Não sei, mas sinto morto
O ser vivo que tenho.
Nasci como um aborto,
Salvo a hora e o tamanho.

30-3-1931

Poesias Inéditas (1930-1935). Fernando Pessoa.

Mystic

1 comentário:

  1. Se Pessoa era louco... Também sou! O artista viverá sempre só, até ao derradeiro momento em que o seu caminho se cruza com o de todos os outros mortais.
    A solidão fornece-nos armas muito poderosas para enfrentar as "loucuras" do quotidiano. O poder de abstracção é uma dessas armas, a maior e melhor ferramenta do génio criativo.

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